sábado, 31 de outubro de 2009

A poesia te embala...

“A poesia te embala, até te encanta, é uma cantiga de niná”- disse certa vez a atriz Cássia Kiss. Eu simplesmente acrescentaria: a poesia também te põe para a briga.

terça-feira, 7 de julho de 2009

O FUSCA DO CIDADÃO


A HISTÓRIA DE UM SÍMBOLO (de 1932 à 1998) Texto extraído de:
http://www.exactaexpress.com.br/historiadofusca.

1932 - Ferdinand Porsche, nascido no dia 3 de setembro de 1875 no Império Austro-Húngaro, esboça o desenho do Fusca.
1934 - Porsche cria o NSU, protótipo do Fusca que rodou até 1955, quando foi adquirido pelo Auto-Museum da Volkswagen, na Alemanha.
1935 - Porsche recebe 200 mil marcos do governo alemão para, no prazo de dez meses, produzir três protótipos.
1936 - Da garagem da casa de Porsche, com 16 meses de atraso, saem três protótipos batizados de Volksauto-série VW-3, que seriam testados por 50 mil Km.
1937 - A associação entre Porsche, Daimler-Benz e Reuter & Co. produz mais de 30 protótipos, batizados de VW-30, e realiza 2,4 milhões de Km de testes. O governo alemão, já sob o comando de Adolf Hitler, cria uma empresa estatal e viabiliza a fabricação do carro. O capital inicial, de 50 milhões de marcos, veio da Kdf (iniciais em alemão de Força da Alegria), um dos departamentos da Frente Trabalhista Alemã, o sindicato oficial. O nome original do veículo, Kdf-Wagen, não pegou Porsche viaja para os Estados unidos para visitar as linhas de montagem de Detroit e se encontrar com Henry Ford.
1938 - Começam a ser contruídas em Fallersleben, na baixa Saxônica (região entre o rio Reno e o mar Báltico), a fábrica para a produção do carro e uma cidade para 90 mil habitantes, destinada aos futuros operários e suas famílias. Depois, a cidade recebeu o nome de Wolfsburg. Parte do dinheiro destinado às obras provinha de alemães que, mesmo sem saber a data da entrega, queriam um Kdf-Wagen.
1939 - Com o início da II Guerra Mundial, os Kdf-Wagen não chegam a ser fabricados e a nova fábrica estréia produzindo veiculos militares, com destaque para o Kubelwagen (tipo de camburão, que teve 55 mil unidades produzidas) e para os Schwimmwagen (carro anfíbio, com 15 mil unidades).
1944 - Os aliados atacam e destroem a fábrica.
1946 - Começa a reconstrução da fábrica e a produção é limitada.
1947 - Ingleses, Soviéticos e Norte-americanos não se interessam pela fábrica
1948 - Heinrich Nordhoff assume a presidência da fábrica e eleva a produção para 19.214 unidades/ano.
1949 - A produção cresce para 46.154 unidades e um acordo com a Chrysler permite a utilização da rede de revendas da marca norte-americana em todo o mundo. Foi o primeiro ano do Fusca nos Estados Unidos e apenas duas unidades foram vendidas.
1950 - O primeiro lote de Fuscas desembarca no Brasil, via porto de Santos. As 30 unidades que vieram foram rapidamente vendidas.
1951 - Morre Ferdinand Porsche.
1953 - Com peças da Alemanha, inclusive o motor de 1.200 centímetros cúbicos (cc), o carro começa a ser montado em um pequeno armazém alugado na Rua do Manifesto, no bairro do Ipiranga (zona sudeste de são Paulo).
1954 - O carro Volks começa a consquitar os norte-americanos, que o apelidam de Beetle (besouro).
1956 - A Volkswagen inicia a construçào de sua fábrica de 10,2 mil metros quadrados no Km 23,5 da via Anchieta (São Bernardo do Campo)
1957 - A fábrica solta seu primeiro produto, a Kombi.
1959 - O Fusca começa a ser produzido no dia 3 de janeiro, com um índice de nacionalização de 54%. A primeira unidade é adquirida pelo empresário paulista Eduardo Andrea Matarazzo. No dia 18 de novembro, a fábrica é inaugurada oficialmente. A Volks brasileira fecha o ano com 8.406 unidades vendidas.
1962 - O Fusca torna-se líder de vendas no Brasil, com 31.014 veículos vendidos.
1964 - A Volks lança o Fusca com teto solar, mas, apelidado de "Cornowagen", fica só alguns meses no mercado.
1965 - A Volks lança a versão "Pé de Boi", cerca de 15% mais parata (não possuia nenhum ítem cromado).
1967 - O carro troca o motor de 1.200 cc (36 cv) pelo 1.300 cc (46 cv) e, para aumentar a visibilidade, ganha um vidro traseiro 20% maior e os limpadores do pára-brisa são melhor posicionados.
1969 - Walt Disney lança o filme "Se Meu Fusca Falasse", no qual o carro, chamado de Herbie, nada, anda sobre duas rodas e até pensa.
1970 - O carro ganha opção de motor 1.500 cc (52 cv), bitola traseira 62 mm mais larga, eixo traseiro com barra compensadora, capô do motor com aberturas para ventilação, novas lanternas traseiras e passa a incorporar cintos de segurança dianteiros. Nesse ano, um incêndio destrói o setor de pintura da fábrica e o primeiro Fusca brasileiro é exportado para a Bolívia.
1972 - A Volkswagen do Brasil atinge a produção de 1 milhão de Fuscas.
1974 - O motor 1.600 cc (65cv) passa a ser opção para o Fusca. As vendas do carro batem recorde, com 237.323 unidades no ano, número que nunca seria superado.
1978 - A Volkswagen alemã deixa de produzir o Fusca.
1979 - O Fusca ganha motor movido a álcool e as lanternas traseiras crescem, sendo apelidadas de "Fafá".
1986 - O Fusca ganha bancos reclináveis com apoio de cabeça e janelas laterais traseiras basculantes. No final do ano, no entanto, por razões mercadológicas (as vendas decresciam anualmente desde 1980 devido à chegada de carros mais modernos), a Volks tira o carro de linha.
1987 - Com o fim do Fusca, o Opala é adotado pela Polícia Militar de São Paulo.
1993 - Setembro: oito meses após o pedido do então presidente Itamar Franco ao então presidente da Volkswagen Pierre-Alain De Smedt e com investimentos de US$ 30 milhões, a Volkswagem retoma a produção do Fusca. Entre as novidades do modelo, destacam-se vidros laminados, catalisador, barras estabilizadoras na dianteira e na traseira, pneus radiais, freios dianteiros a disco, reforços estruturais e cintos de segurança de três pontos. Pesquisa Datafolha aponta o Fusca como a marca mais lembrada. Por outro lado, as vendas ficam abaixo das expectativas e o preço do carro cai cerca de US$1.000.
1996 - Em junho, o Fusca novamente deixa de ser produzido. O México passa a ser o único país a produzir o carro. Em novembro é instituído oficialmente o dia do Fusca (20 de janeiro) .
1998 - No dia 14 de fevereiro, a fábrica de Puebla, no México, começa a produzir o novo Fusca em grande escala. O carro vira mania nos Estados Unidos. Em maio, a Volks promove um "recall" para trocar a fiação próxima à bateria devido à possibilidade de incêndio.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Até Quando?

Por José Saramago - da página O Caderno de Saramago. Boa leitura.
"Há uns dois mil e cinquenta anos, mais dia menos dia, a esta hora ou outra, estava o bom Cícero clamando a sua indignação no senado romano ou no foro: “Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência?”, perguntou ele uma vez e muitas ao velhaco conspirador que o quis matar e fazer-se com um poder a que não tinha qualquer direito. A História é tão pródiga, tão generosa, que não só nos dá excelentes lições sobre a actualidade de certos acontecidos outrora como também nos lega, para governo nosso, umas quantas palavras, umas quantas frases que, por esta ou aquela razão, viriam a ganhar raízes na memória dos povos. A frase que deixei acima, fresca, vibrante, como se tivesse acabado de ser pronunciada neste instante, é sem dúvida uma delas. Cícero foi um grande orador, um tribuno de enormes recursos, mas é interessante observar como, neste caso, preferiu utilizar termos dos mais comuns, que poderiam mesmo ter saído da boca de uma mãe que repreendesse o filho irrequieto. Com a enorme diferença de que aquele filho de Roma, o tal Catilina, era um traste da pior espécie, quer como homem, quer como político.
A História de Itália surpreende qualquer um. É um extensíssimo rosário de génios, sejam eles pintores, escultores ou arquitectos, músicos ou filósofos, escritores ou poetas, iluminadores ou artífices, um não acabar de gente sublime que representa o melhor que a humanidade tem pensado, imaginado, feito. Nunca lhe faltaram catilinas de maior ou menor envergadura, mas disso nenhum país está isento, é lepra que a todos toca. O Catilina de hoje, em Itália, chama-se Berlusconi. Não necessita assaltar o poder porque já é seu, tem dinheiro bastante para comprar todos os cúmplices que sejam necessários, incluindo juízes, deputados e senadores. Conseguiu a proeza de dividir a população de Itália em duas partes: os que gostariam de ser como ele e os que já o são. Agora promoveu a aprovação de leis absolutamente discricionárias contra a emigração ilegal, põe patrulhas de cidadãos a colaborar com a polícia na repressão física dos emigrantes sem papéis e, cúmulo dos cúmulos, proíbe que as crianças de pais emigrantes sejam inscritas no registo civil. Catilina, o Catilina histórico, não faria melhor.
Disse acima que a História de Itália surpreende qualquer um. Surpreende, por exemplo, que nenhuma voz italiana (ao menos que haja chegado ao meu conhecimento) tenha retomado, com uma ligeira adaptação, as palavras de Cícero: “Até quando, ó Berlusconi, abusarás da nossa paciência?” Experimente-se, pode ser que dê resultado e que, por esta outra razão, a Itália volte a surpreender-nos."
José Saramago

sexta-feira, 1 de maio de 2009

ALGUMAS PALAVRAS ACERCA DO 1º DE MAIO

Em 20 de junho de 1889 a II Internacional Socialista, reunida em Paris, propoôs que a cada 1º de maio os trabalhadores se organizassem para manifestar e expressar sua luta. Dessa maneira os socialistas reverenciavam a manifestação de trabalhadores ocorrida em Chicago nos Estados Unidos em 1886, cujo teor era exatamente a redução da jornada de trabalho de 12 e 16 horas para oito horas diárias.
A manifestação de 1º de maio de 1886 durou praticamente uma semana de confronto com os patrões e com a polícia, que prendeu e matou alguns trabalhadores.
Dessa luta nasceu o 1º de maio como feriado nacional e a redução da jornada de trabalho de 16 para 8 horas diárias. A França foi o primeiro país a adotar essas medidas (1919); a Rússia em seguida (1920). No Brasil, acredita-se que a primeira grande manisfestação de 1º de maio tenha ocorrido em Santos-SP (1895). Nessa época, Santos era um dos mais importantes centros operários do país.
O mais importante de tudo isso é não esquecermos a verdadeira essência do 1º de Maio, um dia de luta e de protesto contra a opressão capitalista sobre os trabalhadores. Infelizmente, em nosso país, a tentativa de descaracterizar essa data é marcante. Já em 1925 quando o governo brasileiro transformou o 1º de maio em feriado nacional, tinha tão somente a intenção de transformar esse dia num dia de festa nacional e não mais de lutas e protestos. E, a paritr de 1930, com Getúlio Vargas, se iniciará a tradição demagógica presidencial dos discursos que anunciam os parcos “aumentos” salariais.
No período de 1964 a 1985, a Ditadura Miliar intensificou a opressão contra os trabalhadores e contra sua manifestação do 1º de maio, só eram permitidos os atos oficias. Tais circunstância também fizeram do 1º de maio uma data de luta contra a Ditadura.
Com a Constituição de 1988 obtivemos uma séria de conquistas, tais como: Férias Remuneradas, 13º salário, Licença Maternidade, entre outras, seriamente ameçadas hoje em dia.
Enfim, não podemos perder o caráter combativo do 1º de maio. E, embora a boa música eleve nosso espírito e ajude a revigorar nossas forças, não podemos torná-lo um dia festivo com shows musicais.
Nossa grande esperança é que não existem só os propagadores de festas. Há também os que, apesar das intimidações dos discursos da ordem estabelecida, se preparam para a luta.
O historiador E. P. Thompsom, em sua obra “A Formação da Classe Operária Inglesa”, 2 ed., São Paulo: Paz e Terra, 1989, p. 303, traz uma importante fala de um verdureiro londrino da década de 1820:
“As pessoas imaginam que, quando tudo está quieto, está se estagnando. O propagandismo continua apesar disso. É quando tudo está quieto que a semente cresce, os republicanos e socialistas levam à frente suas doutrinas” (grifo meu).
Para não dizer que não falei de poesia, veja “Meu Maio”, de Vladimir Maiakvski:
A todos
Que saíram às ruas
De corpo-máquina cansado,
A todos
Que imploram feriado
Às costas que a terra extenua –
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário –
Este é o meu maio!
Sou camponês - Este é o meu mês.
Sou ferro –
Eis o maio que eu quero!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

TAMANHO É DOCUMENTO?



“Tá pensando que tamanho é documento?” Essa frase era bastante repetida na época de minha adolescência. Penso que ela é bem mais antiga! Em todo caso isso gerava e ainda pode gerar boas discussões...
Dia desses fui ao zoológico e fiquei cerca de 50 minutos observando os hipopótamos. Pude ver o momento em que eles saíam para comer e o seu retorno à água. Enquanto estavam na água mergulhavam de mansinho e ficavam muito tempo submersos, depois boiavam para respirar. E assim, demonstravam toda tranqüilidade possível! Ao sair da água, saiam em fila em direção ao monte de folhas destinadas à sua alimentação. O “kilo” era feito na água – também preso, é como diz meu avô, “nem pra comer doce”, melhor era voltar para água.
O “cavalo do rio”, conforme batizaram os primeiros europeus que o avistaram é um animal herbívoro que em idade adulta atinge quatro metros de comprimentos e pesa cerca de 3.500 quilos; se prefere passar a maior parte do tempo que a natureza lhe reservou dentro d’água (expectativa de vida do hipopótamo é de 40 anos), é porque a água o deixa mais tranqüilo e seguro. Porém, quando está fora d’água a “docilidade” desaparece a ponto levar no peito tudo que estiver a sua frente.
Depois dessa breve observação, penso que a pergunta continua: tamanho é documento? De qualquer maneira, o zoológico é um lugar em que, mesmo estando presos, os bichos ensinam valiosas lições aos seres humanos!!!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

TRABALHADORES DA ARTE...


Carlos Sagra – da redação do Opinião Socialista
• A peça Foices, Facões, Fuzis estará em cartaz no Tendal da Lapa de 14 de março a 26 de abril, aos sábados e domingos, às 19h. A peça de Maria Cecília Garcia foi apresentada no dia 28 de fevereiro na comemoração de aniversário da Ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos (SP).O Tendal da Lapa fica na rua Constança, 72, próximo ao nº 1.100 da rua Guaicurus. A entrada é Franca, e a peça integra a Campanha “Pague Quanto Quiser”.A peça Foices, Facões, Fuzis fala da luta pela terra no Brasil. A peça tem uma hora de duração e transcorre em cenário único: a casa da agricultora Antonia e seus filhos, uma família que vive sob a constante ameaça por parte dos fazendeiros. Eles armam seus capangas até os dentes para defender a propriedade privada da terra, atirando naqueles que ousam desafia-los.A peça é inspirada na obra de Bertold Brecht, Os Fuzis da Senhora Carrar, peça que trata da luta contra o fascismo na Espanha. Quando escreveu Os Fuzis da Senhora Carrar, Bertold Brecht queria falar da luta dos povos em defesa da democracia contra o fascismo. Para isso, enfocou os dramas de uma mulher que perdeu o marido nas Brigadas de autodefesa contra o exército de Franco durante Guerra Civil Espanhola de 1936 e cujo filho está prestes a tomar o mesmo caminho.Foices, Facões, Fuzis, esta adaptação da peça de Brecht, trata da luta que ocorre no campo brasileiro pela posse da terra. Os dramas podem não ser os mesmos, mas são muito semelhantes. Bem como as opções, as escolhas e as dores que elas provocam em nós. Brecht queria falar de um ser humano inserido em um campo de forças bem definido: ou vai à luta e arrisca a vida, ou se cala. Mas não existe neutralidade: calar-se também pode significar a morte.Na luta pela reforma agrária também não há opção. É o que mostra os exemplos de Chico Mendes, Doroty Stang, o massacre em Eldorado dos Carajás. Quem se mantém calado, com os braços cruzados, arrisca-se a ter de suportar uma vida sofrida de sem terra.Com a peça Foices, Facões, Fuzis o grupo Trabalhadores da Arte quer proporcionar um momento de emoção ao espectador e, ao mesmo tempo, fazer uma reflexão artística sobre a importância da reforma agrária no Brasil, sobre as contradições em que se debatem os trabalhadores sem-terra entre ocupar terras para poder plantar e criar seus filhos com dignidade, ou viver à míngua, como nômades famintos por este país afora.Vive-se uma permanente guerra civil no campo brasileiro. De um lado, os trabalhadores sem terra, bóias-frias, camponeses pobres. De outro, grandes fazendeiros, latifundiários e empresas multinacionais, proprietários de imensas extensões de terra. Os dramas gerados por essa situação de extrema desigualdade na distribuição de terra, as dores e alegrias da vida dos trabalhadores do campo, a solidariedade, o amor familiar, os conflitos de consciência, tudo isso conforma a matéria-prima desta peça.Sobre o grupoO Grupo Trabalhadores da Arte surgiu a partir de um Grupo de Estudos de Brecht, coordenado pela professora Lucia Capuani, que se reuniu semanalmente no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, durante o ano de 2008. Também surgiu a partir do CAS (Coletivo de Artistas Socialistas), que congrega artistas de todas as áreas para debater o papel da arte na transformação do mundo. O grupo reúne artistas já experientes e outros recém-formados em cursos de artes cênicas, com o objetivo de mesclar experiências e expressar artisticamente as suas discussões estéticas.A grande preocupação do grupo é falar de nosso presente, de nosso aqui e agora, para um público ansioso por conhecer sua realidade não apenas pelos dados fornecidos pelos jornais e livros, pela ciência e pela política, mas também pelos canais por meio dos quais o homem, durante milênios, tem tentado compreender a vida: a arte.FICHA TÉCNICAO grupo Trabalhadores da Arte: Cléo Moraes, Natália Sanches, Denis Snoldo, Cristiano Nery, Eduardo Mancini, Bárbara Kanashiro, Marla O’Hara e Rozanna Lazzaro.Escrita e dirigida por Maria Cecília GarciaPreparação corporal: José Carlos FreyriaTrilha sonora: Ed LacostaCenários e figurinos: criados pelo próprio grupo.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Um presente para o Brasil...

Hoje é aniversário do Brasil. Gostaria de presentear esse país da maneira como acredito que o povo merece. Mas, aí, veio a questão: será que posso fazer isso? Sinceramente não sei. Ah, então vamos refletir um pouco sobre o meio ambiente? Esse presente, você e eu podemos dar ao Brasil e ao mundo, concorda? Na primeira conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada, no ano de 1972, em Estolcomo, na Suécia proclamou-se, conforme Guillermo Foladori (2001), em seu livro O limite do desenvolvimento sustentável, “o direito dos seres humanos a um meio ambiente saudável e o dever de protegê-lo e melhorá-lo para as gerações futuras.”





O que estas imagens nos dizem?


segunda-feira, 20 de abril de 2009

TIRADENTES

O homem e o mito. O mito e o homem. Qual deles foi mais "importante" para a História?

sexta-feira, 17 de abril de 2009

DIA DO ÍNDIO



Dezenove de abril, comemora-se no Brasil o dia do índio. Não quero, nesse momento, discorrer sobre a polêmica história do Brasil que sempre reservou ao índio um papel de coadjuvante, seja como selvagem, vilão ou romântico-coitadinho. Quero tão somente lembrar o importante papel do cacique Pancho Kaxinawá, que dedicou sua vida à organização dos povos indígenas do Alto Purus; pessoa a quem tive o privilégio de conhecer. Confesso que o meu primeiro contato com Pancho e sua família não foi nada confortável para mim, situação que o expriente cacique Kaxinawá rapidamente percebeu e sabiamente tentou contornar. O meu embaraço era visível e não menos compreensível em se tratando de um garoto de 15 anos, porém injustificável. Eu descia o rio Purus de passagem (carona) com Pancho, ia do seringal Itaúba à cidade de Sena madureira, no Acre. No batelão, Pancho trazia sua família nuclear e mais alguns parentes seus; pelo que pude perceber, de branco só havia eu. Por volta de onze horas da manhã um curumim entregou-me uma cuia com um mingal estranho... Pancho percebendo que eu estava receioso, brincou comigo: "o que foi, não tá com fome?" Eu não sabia o que dizer, nem como me comportar. Então perguntei: - é caiçuma? - não, respondeu ele, esse é um mingal de milho (falou o nome mas eu não recordo agora), a ciçuma é feita de mandioca, vai vim depois. Não tive escapatória, fechei os olhos e fui bebendo aos goles o tal mingal (e os meus preconceitos) enquanto Pancho falava das propriedades do milho...

Só depois de alguns anos vim a saber quem era aquele índio...

Panco kaxinawá não está mais entre os vivos, mas, sua luta continuará inspirando as novas gerações indígenas do Alto Purus. E por que não contribuindo com a educação dos "brancos"?

sábado, 21 de março de 2009

A escrita da História-Pátria

Desde sua fundação, em 1838, até os primeiros anos da terceira década do século XIX o principal, senão o único, centro de estudos históricos do Brasil será o IHGB. Aqui, durante esse período, será o lugar privilegiado da produção histórica: o Brasil é pensado e as interpretações do passado brasileiro irão alavancar os vários projetos de uma visão nacional.
“O Brasil independente, portanto, precisava da história e dos historiadores para se oferecer um passado e abrir-se um futuro” (REIS, 2002, P. 26). Foi nesse contexto que em 1840 o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro lançou o desafio, através de um concurso, da elaboração de um plano para a escrita da história do Brasil. “Como se deve escrever a história do Brasil”. Foi o título da monografia premiada; seu autor foi o botânico e viajante alemão Karl Philipp Von Martius. A partir desse texto se entranhou entre as elites a interpretação do Brasil Nação.
A história de um Brasil unido, monárquico e cristão, era a história de que as elites precisavam. As elites precisavam de uma história do Brasil que elogiasse o herói português, conquistador e senhor das garantias físicas e morais do Brasil. As elites precisavam, segundo José Carlos Reis, de

"[...] uma história que não falasse de tenções, separações, contradições, exclusões, conflitos, rebeliões, insatisfações, pois uma história assim levaria o Brasil à guerra civil e à fragmentação: isto é, abortaria o Brasil que lutava para se construir como poderosa nação. O que Von Martius tinha elaborado não era uma tal história ainda, mas somente o seu projeto, que ele próprio se recusara de levar a diante. Com certeza, após avaliar a enormidade do trabalho a fazer. Faltava, portanto, o historiador brasileiro que poderia realizar tal projeto da história do Brasil "(2002, p. 28)

Martius, como vimos, apresentou o projeto de “como se deve escrever a história do Brasil” mas se recusou a levar a diante. A tarefa, então, foi assumida por Varnhagen, que teria seguido o modelo proposto pelo alemão. O “Heródoto do Brasil”, como Varnhagen é considerado, é responsável pela “mais completa e positiva colheita documental empreendida especialmente no estrangeiro” (RODRIGUES, 1978, p. 47).
Trata-se do trabalho mais importante do Varnhagen: História Geral do Brasil, de 1854. Segundo José Carlos Reis superou as principais obras sobre a história do Brasil escritas anteriormente, dentre elas História da província de Santa Cruz (1576), de Pero de Magalhães Cândavo; História do Brasil (1627), de Frei Vicente do Salvador; História da América Portuguesa (1730), de Sebastião da Rocha Pita; História do Brasil (1810), de Robert Southey. A superação, aqui não significa que as obras citadas mereçam ser descartadas.
As condições históricas viabilizam a História Geral do Brasil, pois,
"processo da independência política e a constituição do Estado Nacional amadurecem nos anos de 1850. E foi no interior desse processo histórico que ocorreu a condição favorável ao surgimento da obra de Varnhagen: a institucionalização da reflexão e da pesquisa histórica no IHGB" (REIS, 2002, pp. 23-24).

Esse pequeno texto faz parte de um trabalho que realizei em 2005. Gostaria de dá continuidade na discussão. Gostaria de receber contribuições e sugestões... Obrigado.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Dia das "Mulheres..."

Pernas em exibição, transgredindo as convenções do século XIX; cabelos, tradicionalmente longos, apareciam cortados; saias curtas prenunciavam o abandono do corpete. Tudo isso, entre outros, eram sinais e reivindicações de liberdade sexual feminina no alvorecer do século XX (hoje o mercado da moda não aceita mais mulheres que mostrem apenas pernas e bustos...). Mais do que isso. Questões como essa estão inseridas num conjunto de transformações culturais e históricas ocidentais.
A história não se transforma de um dia para o outro, bem o sabemos, nem é a mesma em todos os lugares. Também não são os mesmos homens e mulheres nos diferentes espaços geográficos e sociais. Assim, as mulheres são diferenciadas não só de acordo com a cultura, mas também através de um fator, quase que “esquecido”, chamado classe social. Isto significa que embora a fisiologia seja a mesma, os gostos, interesses e lutas são diferentes. Pois, enquanto as mulheres das classes médias de países europeus, como a Inglaterra, ou dos Estados Unidos militavam ativamente em campanhas como a “suffragettes”, sufragistas, que reivindicavam dramaticamente o direito de voto feminino, as mulheres da classe operária tinham necessidades mais urgentes do que o direito de voto. Para elas, os ganhos obtidos à custa de duríssimas jornadas de trabaho não eram apenas complementação da renda do marido.
Podes-se dizer que isso é um legado da sociedade industrial, afinal as 129 mulheres que morreram carbonizadas no dia 8 de março de 1857 não eram esposas dos patrões, eram mulheres trabalhadoras da indústria têxtil que protestavam contra as péssimas condições de trabalho e minguados salários.
Conforme Eric Hobsbawm, em sua obra A era dos impérios (2001, p. 282), na política popular da sociedade pré-industrial, as mulheres já haviam deixado sua marca. Por exemplo: Foram mulheres de Paris que marcharam sobre Versalhes demonstrando ao rei que o povo exigia o controle dos preços dos alimentos. Essa foi uma das maneiras, entre tantas outras, que a mulher participou da importante Revolução Francesa.
Viva a luta das mulheres trabalhadoras!
Que elas vivam para que nós amemos e sejamos amados!

Curiosidades:
1905, a alemã Bertha Von Suttner foi Prêmio Nobel da Paz.
1908, pouco mais de cem anos de nós, foi o ano em que foi nomeada a primeira mulher professora universitária, na Alemanha.
1909 a sueca Selma Lagerlof ganhou o Prêmio Nobel de literatura.
Alguém lembra da primeira enfermeira do Brasil, Ana Nery? E as outras mulheres que contribuiram e contribuem com este país?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

História e Imaginação - as belezas da vida e da arte

Vez por outra penso numa frase de Charles Chaplin: “Estudei o homem, porque se assim não o fizesse, não conseguiria realizar nada em meu ofício”. Essa é uma das características comuns entre o professor/pesquisador e o cineasta. Compreender os caminhos da história e a trajetória humana é fundamental para se alcançar o sucesso e encontrar as belezas da vida. Daí para frente, que perdure a imaginação...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Saber e Trabalho...

“Professor, não vou fazer essa tarefa porque eu não sei”. A fala de um aluno do 6º ano do Ensino Fundamental pode levar o professor a repensar sua prática, a olhar para seus alunos de maneira diferente, sobretudo numa época em que boa parte dos alunos da escola pública têm a escola como principal espaço de lazer e sociabilidade. A impressão que se tem é que os estudantes adoram a escola, “só não gostam de estudar”, como disse uma professora. Todavia é preciso evitar generalizações desse tipo, pois acredito que a maioria dos alunos gosta de estudar, embora algumas confusões passem pelas suas cabecinhas. É aí que entra o trabalho do educador: explicar, entre outras coisas, que a escola não é extensão da casa de ninguém; professor e professora não estão no lugar do pai e da mãe, como se dizia antigamente. A hipótese que eu defendo é a de que as autoridades escolares têm consciência disso, só não transmitem diretamente aos estudantes com receio de que esses passem a achar a escola uma chatice. Esse tipo de pensamento é um dos grandes obstáculos a ser enfrentados pelo conjunto dos educadores. Ora, se faz necessário clarear que a escola é um espaço de aprendizagem e de construção do saber, e, conforme Marilena Chauí (Cultura e democracia, 1993), “O saber é um trabalho” (p. 4). E, acrescenta a autora: “Só há saber quando a reflexão aceita o risco da indeterminação que a faz nascer, quando aceita o risco do não contar com garantias prévias e exteriores à própria experiência e à própria reflexão que a trabalha.” (p. 5). Assim, é importante explicar aos alunos que estudar é difícil mesmo! E que não há fórmulas mágicas para se aprender sem um árduo esforço cotidiano no sentido de enfrentar os desafios e superar as nossas limitações, sejam elas quais forem.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A história estuda...

A história estuda o passado, é verdade. Mas não um passado morto e acabado. O conhecimento histórico, como em outras formas de conhecimento, está sempre se constituindo. Dizemos isto porque a história é feita por homens e mulheres, sejam eles adultos, jovens, crianças ou idosos vivendo em sociedade. A partir da vida em sociedade os seres humanos se transformam. E as transformações humanas formam o objeto privilegiado da história. De acordo com Vavy Pacheco Borges (2003) “quer saibamos ou não, quer aceitemos ou não, somos parte da história, e todos desempenhamos nela um papel. E temos então todos, desde que nascemos uma ação concreta a desempenhar nela” (Borges, 2003, p. 48). Portanto, se nem sempre temos consciência do nosso papel na história, nem sempre temos o controle do que fazemos. Isto ocorre, nos diz a autora, porque os seres humanos fazem história dentro das condições reais que encontram e nem sempre elas são favoráveis. Assim o conhecimento da história serve para fazer-nos entender as condições da nossa realidade.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Pensar historicamente...

O ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, e o enforcamento de Sadam Hussem no final de 2006 são acontecimentos recentes e ao mesmo tempo históricos. Estes são apenas dois, mas certamente não nos faltaria exemplos a citar caso fosse necessário. Da mesma maneira o nosso passado está cheio de “grandes acontecimentos”, de “grandes personalidades”, de “grandes heróis” como “descobrimento do Brasil” por Pedro Álvares Cabral, “Dom Pedro I conquistou a Independência do nosso país” ou Bartolomeu Bueno da Silva, “fundador de Goiás” etc. etc., etc.. Contudo, será mesmo necessário presenciarmos catástrofes e barbaridades de todo tipo ou então nos espelharmos num passado exageradamente “glorioso”, como nos mostra a história oficial, para olharmos a história como um movimento vivo e dinâmico e nós mesmos como agentes históricos?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sapientia

O professor tem poder ou autoridade? Quando a autoridade do professor passa a ser tida com autoritarismo? Quando o professor executa seu trabalho com transformação? Estava pensando nessas e outras questões e lembrei de um trecho do livro "Aula", Roland Barthes:
"Há uma idade em que se ensina o que se sabe; mas vem em seguida outra, em que se ensina o que não se sabe: isso se chama pesquisar. Vem talvez agora a idade de uma outra experiência, a de desaprender, de deixar trabalhar o remanejamento imprevisível que o esquecimento impõe à sedimentação dos saberes, das culturas, das crenças que atravessamos. Essa experiência tem, creio eu, um nome ilustre e fora de moda, que ousarei tomar aqui sem complexo, na própria encruzilhada de sua etimologia: Sapientia: nenhum poder, um pouco de sabedoria, e o máximo de sabor possível" (Aula, 1996, p. 47).

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

data de hoje...

Nesse dia, no ano de 1887, iniciou-se a construção da Torre Eiffel, em Paris...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Fevereiro...

O mês de janeiro já está no fim... Na passagem do ano eu ouvia Geraldo Azevedo e repetia: "Quando o fevereiro chegar, saudade invade o coração da gente..." Fevereiro é o mês do meu aniversário. Ocorreu-me que nesse fevereiro de 2009 fazem 161 anos em que dois jovens revolucionários alemães, Karl Marx (1818 - 1883) e Frederich Engels (1820 - 1895), escreveram o Manifesto do Partido Comunista. Os dois eram membros da Liga Comunista, antiga Liga dos Justos, organização de exilados alemães surgida em 1836 na capital da França, Paris. Nesse contexto, operariado alemão contou com as idéias do alfaiate Christian Wilhelm Weitling (1808 - 1871). Poderíamos dizer como escreveu Marx em carta a a Engels em 1866: "Isso mostra a diferença entre trabalhar por detrás dos bastidores, sem aparecer em público, e o estilo dos democratas de fazerem-se importantes em público e de nada fazer". Que os nossos dizeres estejam sempre imbricados aos nossos fazeres...
Que pese os trechos que foram superados pela história, mas, na sua essência, o Manifesto continua atual; que esses escritos nos ajude a compreender a sociedade capitalista e, assim, que tenhamos ação política para transformar nossas vidas e construir-mos uma nova sociedade.
sobre o assunto ver: Eric Hobsbawm, Sobre História, Companhia das Letras, (2002); Marx e Engels: cartas filosóficas e outros escritos, Grijalbo, (1977); entre outros.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Canto

O canto da sereia, dizem, é belíssimo... além disso é muito sedutor. E, por isso mesmo, esconde armadilhas capazes de levar à ruína o mais destemido dos guerreiros!