sexta-feira, 17 de abril de 2009

DIA DO ÍNDIO



Dezenove de abril, comemora-se no Brasil o dia do índio. Não quero, nesse momento, discorrer sobre a polêmica história do Brasil que sempre reservou ao índio um papel de coadjuvante, seja como selvagem, vilão ou romântico-coitadinho. Quero tão somente lembrar o importante papel do cacique Pancho Kaxinawá, que dedicou sua vida à organização dos povos indígenas do Alto Purus; pessoa a quem tive o privilégio de conhecer. Confesso que o meu primeiro contato com Pancho e sua família não foi nada confortável para mim, situação que o expriente cacique Kaxinawá rapidamente percebeu e sabiamente tentou contornar. O meu embaraço era visível e não menos compreensível em se tratando de um garoto de 15 anos, porém injustificável. Eu descia o rio Purus de passagem (carona) com Pancho, ia do seringal Itaúba à cidade de Sena madureira, no Acre. No batelão, Pancho trazia sua família nuclear e mais alguns parentes seus; pelo que pude perceber, de branco só havia eu. Por volta de onze horas da manhã um curumim entregou-me uma cuia com um mingal estranho... Pancho percebendo que eu estava receioso, brincou comigo: "o que foi, não tá com fome?" Eu não sabia o que dizer, nem como me comportar. Então perguntei: - é caiçuma? - não, respondeu ele, esse é um mingal de milho (falou o nome mas eu não recordo agora), a ciçuma é feita de mandioca, vai vim depois. Não tive escapatória, fechei os olhos e fui bebendo aos goles o tal mingal (e os meus preconceitos) enquanto Pancho falava das propriedades do milho...

Só depois de alguns anos vim a saber quem era aquele índio...

Panco kaxinawá não está mais entre os vivos, mas, sua luta continuará inspirando as novas gerações indígenas do Alto Purus. E por que não contribuindo com a educação dos "brancos"?

Nenhum comentário:

Postar um comentário