sexta-feira, 1 de maio de 2009

ALGUMAS PALAVRAS ACERCA DO 1º DE MAIO

Em 20 de junho de 1889 a II Internacional Socialista, reunida em Paris, propoôs que a cada 1º de maio os trabalhadores se organizassem para manifestar e expressar sua luta. Dessa maneira os socialistas reverenciavam a manifestação de trabalhadores ocorrida em Chicago nos Estados Unidos em 1886, cujo teor era exatamente a redução da jornada de trabalho de 12 e 16 horas para oito horas diárias.
A manifestação de 1º de maio de 1886 durou praticamente uma semana de confronto com os patrões e com a polícia, que prendeu e matou alguns trabalhadores.
Dessa luta nasceu o 1º de maio como feriado nacional e a redução da jornada de trabalho de 16 para 8 horas diárias. A França foi o primeiro país a adotar essas medidas (1919); a Rússia em seguida (1920). No Brasil, acredita-se que a primeira grande manisfestação de 1º de maio tenha ocorrido em Santos-SP (1895). Nessa época, Santos era um dos mais importantes centros operários do país.
O mais importante de tudo isso é não esquecermos a verdadeira essência do 1º de Maio, um dia de luta e de protesto contra a opressão capitalista sobre os trabalhadores. Infelizmente, em nosso país, a tentativa de descaracterizar essa data é marcante. Já em 1925 quando o governo brasileiro transformou o 1º de maio em feriado nacional, tinha tão somente a intenção de transformar esse dia num dia de festa nacional e não mais de lutas e protestos. E, a paritr de 1930, com Getúlio Vargas, se iniciará a tradição demagógica presidencial dos discursos que anunciam os parcos “aumentos” salariais.
No período de 1964 a 1985, a Ditadura Miliar intensificou a opressão contra os trabalhadores e contra sua manifestação do 1º de maio, só eram permitidos os atos oficias. Tais circunstância também fizeram do 1º de maio uma data de luta contra a Ditadura.
Com a Constituição de 1988 obtivemos uma séria de conquistas, tais como: Férias Remuneradas, 13º salário, Licença Maternidade, entre outras, seriamente ameçadas hoje em dia.
Enfim, não podemos perder o caráter combativo do 1º de maio. E, embora a boa música eleve nosso espírito e ajude a revigorar nossas forças, não podemos torná-lo um dia festivo com shows musicais.
Nossa grande esperança é que não existem só os propagadores de festas. Há também os que, apesar das intimidações dos discursos da ordem estabelecida, se preparam para a luta.
O historiador E. P. Thompsom, em sua obra “A Formação da Classe Operária Inglesa”, 2 ed., São Paulo: Paz e Terra, 1989, p. 303, traz uma importante fala de um verdureiro londrino da década de 1820:
“As pessoas imaginam que, quando tudo está quieto, está se estagnando. O propagandismo continua apesar disso. É quando tudo está quieto que a semente cresce, os republicanos e socialistas levam à frente suas doutrinas” (grifo meu).
Para não dizer que não falei de poesia, veja “Meu Maio”, de Vladimir Maiakvski:
A todos
Que saíram às ruas
De corpo-máquina cansado,
A todos
Que imploram feriado
Às costas que a terra extenua –
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário –
Este é o meu maio!
Sou camponês - Este é o meu mês.
Sou ferro –
Eis o maio que eu quero!

2 comentários:

  1. Sem dúvida,nobre Adelmar, o Primeiro de Maio deve ser compreendido como um dia de luta, de reflexão, de pensar e repensar a luta, o compromisso com a transformação social, o compromisso com a recusa da opressão e porque não dizer da escravidão, denunciada, negada, mas que ainda hoje se faz presente em Goiás, no Pará, bem como em vários outros Estados da Federação. O primeiro de Maio, Adelmar, não pode se perder em meio às músicas, rezas e discursos que negam a grandeza da luta, do compromisso, da dignidade. Portanto, compreendo que pensando e repensando o sentido da luta e das lutas em âmbito nacional e internacional possamos nos dar conta da grandeza do Primeiro de Maio. Parabéns por sua reflexão.

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  2. Obrigado, caro Wilton

    Considero ser essa uma das temáticas (Trabalho Escravo no Brasil - os casos de Goiás e do Pará, conforme documento da CPT) que merecem estar incluída no programa de debates, no IWA, para o segundo semestre de 2009.

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