terça-feira, 9 de março de 2010

DIA DA MULHER. ALGUMAS PALAVRAS...

O poeta itabirano Carlos Drummond de Andrade certa vez escreveu: “Para entender uma mulher é preciso mais que deitar-se com ela... Há de se ter mais sonhos e cartas na mesa que possa prever nossa vã pretensão”. As palavras de Drummond não são apenas belas, verdadeiras, sinceras. Elas nos remetem a uma profunda reflexão.
A sociedade globalizada, com sua ideologia gestionária, tende a transformar em mercadoria os diversos aspectos da cultura (material e imaterial) humana - inclusive os registros do amor e da sexualidade não escapam a tal ideologia. Comerciantes, propagandistas, e, até (ou sobretudo?) os demagogos bolam estratégias para as inúmeras datas comemorativas ao longo do ano; com o Dia Internacional da Mulher não é diferente. Não falta quem não queira enaltecê-las, homenageá-las, como se só nesse dia elas pudessem merecer o seu devido valor, respeito e dedicação como pessoa humana. Às vezes chegam até a torná-las seres assexuadas, ou sagradas, descontextualizadas. E assim, esquece-se que a autonomia da sociedade passa pela autonomia do indivíduo, enquanto homens e mulheres; que não há como falar em cidadãos livres numa sociedade em que “alguns são mais livres que os outros”. Portanto, pensar a questão das mulheres enquanto gênero é fundamental, mas é desleal tratá-las como se todas fossem iguais, como se tivessem as mesmas oportunidades e condições de trabalho, afinal, o gênero as une, mas a classe as separa.
Todavia, hoje em dia, as mulheres de um modo geral têm realizado grandes conquistas, o que corrobora para que o 8 de Março seja sempre lembrado. Que não esqueçamos as mais de cem mulheres operárias de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque, no ano de 1857, que foram queimadas vivas por reivindicar melhores condições de trabalho e melhor remuneração; que não esqueçamos as mulheres trabalhadoras de hoje em dia. A luta das mulheres é uma luta justa, afinal elas já receberam um terço do salário dos homens, desempenhando o mesmo trabalho.
Contudo, não deixemos que as mazelas sociais e as durezas da vida cotidiana apaguem o brilho do nosso olhar e a chama da poesia quando se trata de homenagear a mulher, essa figura encantadora e enigmática. A rainha do òikos (espaço familiar), desde os gregos, não aceita mais a submissão perante o homem; que o mito das Amazonas, mulheres guerreiras, inspire todas as mulheres, sobretudo as que amamos. Afinal, o dito popular de que “atrás (elas dizem ao lado) de um grande homem há sempre uma grande mulher”, é verdadeiro. Não fosse assim, o que seria de Ulisses, herói grego, sem Penélope, de Teseu sem Ariadne, de Jasão sem Medéia? Para não ir longe, sem a mulher (minha mãe) que me colocou no mundo, eu não teria escrito esse texto. PARABÉNS MULHER PELO SEU DIA-A-DIA!

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